quarta-feira, 21 de maio de 2014

Melhoramento Genético

O tomateiro é uma espécie autógama, com 24 cromossomos. Apesar de ser uma das mais importantes hortaliças cultivadas, o tomateiro possui vários problemas fitossanitários. A traça do tomateiro, Tuta absoluta, é atualmente uma das pragas mais importantes do tomateiro cultivado no Brasil. O controle dessa praga pelos tomaticultores é feito predominatemente via aplicação de inseticidas químicos (NETO et al.  2010).
Considerando o manejo integrado de pragas, temos como possibilidades o melhoramento genético, feito por cruzamentos seguidos de seleção artificial e a manipulação de culturas com a inserção de genes que conferem resistência à determinada praga. Entretanto, para o tomate, por meio da seleção artificial tem sido amplamente utilizado como fonte de resistência às pragas o melhoramento genético. Espécies selvagens de tomateiro, como por exemplo, Solanum pennellii (sin. Lycopersicon pennellii) e L. hirsutum f. glabratum, segundo Neves e colaboradores (2003) e Maciel e colaboradores (2011) tem se destacado por apresentar resistência a diversos insetos, dentre eles a Tuta absoluta, vem sendo amplamente utilizados em programas de melhoramento que visam introgredir genes de resistência a insetos.
Maciel e colaboradores (20011) mostraram que acessos de S. pennellii possuem altos níveis de resistência a grande número de artropodes-praga e essa resistência é mediada por acilaçucares (AA) presentes nos folíolos. Foram indicados que altos teores de AA se devem à ação de um alelo recessivo, com dominância incompleta. Em virtude da dominância incompleta do alelo que controla a resistência, foi possível a obtenção de híbridos resistentes a artropodes-praga, mesmo cruzando-se linhagens com alto teor de AA com linhagens com baixo teor. Maciel e col. (2009) demonstraram que a utilização de apenas um genitor com alto teor de AA é suficiente para obter híbridos resistentes a um amplo espectro de pragas da cultura.
Embora a resistência a pragas em tomateiros mediada por AA derivados de S. pennellii seja bem documentada, ainda não estão disponíveis no mercado tomateiros comerciais com níveis satisfatórios de resistência. Com intuito de selecionar quais, dentre três linhagens com alto teor de AA disponíveis (TOM-687, TOM 688 e TOM-689) apresentavam maior potencial para uso como genitores de híbridos comerciais, Maciel e col. (2009) avaliaram suas capacidades combinatórias em cruzamento dialélico. Foram obtidos 24 híbridos experimentais utilizando-se a linhagem TOM-687 como doadora de pólen (genitor masculino) e como genitores femininos foram utilizadas 24 linhagens pré-comerciais com baixos teores de AA, porém portadoras de genes que conferem resistência a determinadas doenças. Dos 24 híbridos experimentais, quatro (TEX-298, TEX-310, TEX-315 e TEX-316) foram avaliados quanto à traça-do-tomateiro e mostraram-se mais resistentes do que as testemunhas comerciais.

Em um experimento realizado com o intuito de avaliar o comportamento de cinco progênies F3 do cruzamento entre Lycopersicon esculentum cv. IPA-6 e L. hirsutum f. glabratum PI 134418, quanto ao ataque da traça-do-tomateiro, Neves e colaboradores, com base na determinação dos parâmetros genéticos e nas correlações entre componentes de resistência, avaliaram área foliar danificada por T. absoluta em cm², número de tricomas tipo VI, por mm², nas faces abaxial e adaxial; e o número de galerias por folíolo. As seleções utilizando-se os parâmetros citados possuem grandes possibilidades de proporcionarem ganhos genéticos futuros, por apresentarem ampla variabilidade genotípica, com valores elevados de coeficiente de determinação genotípica e magnitude superior à unidade para o índice de variação. Neves e col. (2003), concluíram que as correlações fenotípicas entre a área foliar consumida por T. absoluta e as densidades de tricomas das faces abaxial e adaxial das folhas foram negativas e significativas, assim como entre a área foliar verificaram-se correlações significativas e positivas para as densidades de tricomas nas duas faces foliares. Contudo, a resistência está diretamente relacionada a maiores quantidades de tricomas foliares do tipo VI. Nesse estudo, foi concluído que as metil-cetonas, 2-tridecanona e 2-undecanona, que estão presentes, principalmente no ápice da estrutura foliar denominada tricoma glandular do tipo VI, são abundantes na espécie L. hirsutum f. glabratum, tem sido o principal fator que proporciona resistência à T. absoluta

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